Resiliência, no dicionário, é um substantivo feminino e que em termos da Física é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Figurativamente, é a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças; é a capacidade de sermos flexíveis em momentos que estamos frente a dificuldades ou adversidades.
Alguns também se referem à resiliência como a capacidade de se antecipar a algum problema ou oportunidade, ou seja, a capacidade de tomar atitudes necessárias para alcançar algum propósito.
A flexibilidade mencionada é construída por meio de um conjunto de crenças que nos permite ultrapassar os obstáculos da vida e prosperar um futuro com superação.
Esse conjunto de crenças é criado ao longo de nossa história de vida, das relações de afeto, das pessoas significativas (figuras de autoridade) com quem convivemos no decorrer da vida. Quando essas crenças se tornam coerentes e adequadas, nos tornamos capacitados para enfrentar as situações de adversidades e de estresse elevado, com habilidade para visualizar, compreender e ter decisões que são apropriadas para superar tais adversidades que temos em diferentes áreas da vida.
Aqui cabe a pergunta: a resiliência é uma característica nata nas pessoas, ou uma competência que podemos desenvolver ao longo da vida?
Estar resiliente em determinada área da vida não significa que estejamos em outras áreas. Por exemplo: podemos ter um comportamento resiliente em nosso ambiente familiar, mas termos dificuldades de desenvolver essa habilidade no ambiente profissional. Por este motivo, temos diferentes reações em diversas situações.
Até os anos 90 a resiliência foi estudada como se composta por Fatores, sendo eles:
- Administração de emoções – habilidade de se manter sereno diante de uma situação de estresse.
- Controle dos impulsos – capacidade de regular a intensidade de seus impulsos no sistema neuromuscular, não se deixando levar impulsivamente pela experiência de uma emoção.
- Otimismo – crença de que as coisas podem mudar para melhor.
- Análise do ambiente – capacidade de identificar precisamente as causas dos problemas e das adversidades presentes no ambiente.
- Empatia – capacidade que o ser humano tem de compreender os estados psicológicos dos outros (emoções e sentimentos). Não é ”colocar-se no lugar do outro”, mas sim a capacidade de sentir o mesmo que o outro sente.
- Autoeficácia – crença na própria capacidade de organizar e executar ações requeridas para produzir resultados desejados.
- Alcance de pessoas – capacidade que a pessoa tem de se vincular a outras pessoas para viabilizar soluções para as adversidades da vida, sem receios e medo do fracasso.
A partir dos anos 2000 surgiu a “Abordagem Resiliente” que embasa os Modelos de Crenças Determinantes (MCD)
Procurando ampliar os entendimentos sobre resiliência, foram mapeados esquemas básicos de crenças vinculados à superação estratégica do estresse – são os Modelos de Crenças Determinantes (MCDs). Esse desdobramento, conhecido como QUEST_Resiliência, permite mapear e compreender o tipo de superação de uma pessoa ou de um grupo quando diante de situações de adversidades e de um forte e contínuo estresse. É estruturado com uma abordagem teórica da terapia cognitiva, da psicologia positiva e da teoria geral dos sistemas, a partir de uma abordagem psicossomática.
Esses MCDs são estruturados desde a primeira infância. São crenças que se aglutinam quando vamos conhecendo/aprendendo/experienciando os fatos da vida com aqueles que nos cercam.
Os MCDs são:
- MCD de autocontrole – capacidade de se administrar emocionalmente diante do inesperado. É amadurecer no comportamento expresso, uma vez que será esse comportamento que irá ser lido pelas outras pessoas. É a condição de serenidade diante da adversidade;
- MCD de leitura corporal – capacidade de ler, identificar e organizar as reações percebidas no corpo, em especial aquelas relacionadas com o sistema nervoso/muscular. É amadurecer no modo de lidar com as reações somáticas que surgem quando a tensão ou o estresse se tornam elevados;
- MCD de otimismo para com a vida – capacidade de enxergar a vida com esperança, alegria e sonhos. É a maturidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão está fora de suas mãos. Para tanto, uma das características mais preciosas para o cultivo do Otimismo para com a Vida é a criatividade;
- MCD de análise do ambiente – capacidade de identificar e perceber precisamente as causas, as relações e as implicações dos problemas, dos conflitos e das adversidades presentes no ambiente. É se dar conta e estar atento às situações e circunstâncias presentes na experiência do estresse;
- MCD empatia – capacidade de evidenciar a habilidade de, a partir de se compreender o outro, emitir mensagens que promovam interação e aproximação, conectividade e reciprocidade entre as pessoas;
- MCD autoconfiança – capacidade de ter convicção de ser capaz e eficaz nas ações propostas;
- MCD alcançar e manter pessoas – capacidade de se vincular às outras pessoas sem receios ou medo de fracasso, conectando-se para a formação de fortes redes de apoio e proteção;
- MCD sentido de vida – capacidade de entendimento de um propósito de vida na experiência vivida como adversa. Promove um enriquecimento do valor da vida, fortalecendo e capacitando a pessoa a preservar sua vida ao máximo.
Cada um dos MCDs desenvolve resiliência em uma área da vida e o leque de todos eles juntos contempla a vida de uma pessoa. Portanto, quando quisermos desenvolver resiliência, temos que observar qual ou quais dos MCDs acima necessitam ser mudados e transformados.
O que as pessoas resilientes têm de diferente?
Uma das frases das pessoas resilientes é: “O problema não é o problema, o problema é a minha atitude diante do problema.”. As pessoas que tem sua resiliência desenvolvida até sentem medo, insegurança, raiva, etc., mas não são paradas por esses sentimentos; elas tomam alguma atitude diante da situação, seja ela qual for, pedir ajuda ou pesquisar uma saída. Elas canalizam a sua energia na solução do problema.
Como se tornar mais resiliente?
As pessoas resilientes têm total consciência de que a vida não é fácil, e que os desafios sempre aparecem, ou seja, o sol nasce pra todos, e as tempestades também! Todos os problemas servem de aprendizado. Na canção “O avesso dos ponteiros”, composição da também intérprete Ana Carolina e Antonio Villeroy, existe um trecho que diz “O tempo faz tudo valer a pena/ E nem o erro é desperdício”. Por isso, preste atenção em algumas dicas que a vida te dá para melhorar a sua resiliência:
- Seja mais flexível;
- Saiba quais são os seus limites;
- Não leve tudo para o lado pessoal;
- Conheça as suas potencialidades;
- Não fuja do problema, encare-o;
- Se pergunte o que você pode aprender com essa situação de dificuldade;
- Peça apoio de uma pessoa ou profissional de sua confiança;
- Faça sempre aquilo que você gosta;
- Tenha hábitos saudáveis;
- E lembre-se: tudo é passageiro!
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